A argúcia do Capitão quando caiu a noite e a escuridão

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A história do Capitão de Viduedo é uma lenda do concelho de Vila Pouca de Aguiar, segundo a qual, um corajoso homem prendeu lamparinas e chocalhos a vários rebanhos de cabras, e de noite encaminhou os animais na direção de invasores que estavam no território, e que pensando ser um grande exército bateram em retirada.

A Casa Real Portuguesa à época teve conhecimento do feito, agraciou o seu autor e daí nasceu a lenda do Capitão de Viduedo, pois diz a lenda que este seria dessa aldeia da Freguesia do Alvão.

Fontes referem que o acontecimento foi real e que o corajoso habitante era Manuel Luís Gonçalves Pipa, que na obra “Mui Nobre e Ilustre Terra de Aguiar”, é apontado como “…segundo Senhor da Casa dos Pipas em Viduedo”. Segundo essa obra, o acontecimento teria ocorrido em 1762.

Na cronologia histórica, nesse século ocorreram conflitos e batalhas que colocaram frente a frente, França e Espanha contra Inglaterra. Franceses e espanhóis queriam o apoio de Portugal que pretendia manter-se neutro, e assim o conflito estava próximo, tendo ocorrido a chamada “Guerra Fantástica” em que forças espanholas invadem Portugal.

É no contexto dessa guerra e das incursões invasoras em Trás-os-Montes em 1762 que terá ocorrido o feito de Manuel Luís Gonçalves Pipa, que fez com que a Casa Real atribuísse um Brasão à casa em Viduedo e ao capitão, Brasão e documento que o atribui, datados de 1764 de acordo com várias fontes.

A RCA entrevistou Carlos Pipa que afirma ser descendente do Capitão de Viduedo que era Manuel Luís Gonçalves Pipa. Refere que os invasores eram os espanhóis, e que o acontecimento “…É verídico, verdadeiro, não é lenda…foi um ato que se passou mesmo…”.

Carlos Pipa fala sobre a história que foi passando por gerações da família, sobre a data do Brasão e refere que tem uma familiar também descendente do Capitão que lançará em breve um livro sobre o tema.

Para Carlos Pipa a divulgação da história real vai perdendo por vezes algum fulgor porque “…As gerações vão passando e isto fica com menos força, mas há sempre quem transmita, quem fique para transmitir estas coisas que isto não é nenhuma lenda, foi mesmo uma coisa real…”.

A história do Capitão de Viduedo tornou-se uma das grandes lendas do concelho aguiarense.

Jorge Moutinho